23 de maio de 2005

Anotações

É difícil escrevê-lo. Por mais que tente, componho o estalar de um silêncio, inerente, julgo, definitivo, o estalar de uma guerra que depressa desaba, capaz, um rosto contraído, o espanto, o vazio arrancado de forma apaixonada em cada coisa, que sofre profundamente, que se extingue e que não pertence; a salvação, sim, um novo ver que sucede o idílio. Ó voz que falha, cansada, que parece chorar, tangida do meu rosto, atravessa! A supérflua sedição interior contra a condição acaba por cair delicadamente e assim se escreve somente o próprio rosto, este, nada mais. Formar-se-á então uma unidade, tocante, tornar-nos-emos melhores, eu, porém, escolho agora a solidão e choro a salvação do nada, e o pouco que tudo isto é.

2 comentários:

Anónimo disse...

mas eu, porém, escolho agora a solidão e choro a salvação do nada, e o pouco que tudo isto é.

just like me.
beijos, do outro lado do mar.

Catarina Santiago Costa disse...

Belíssimo...
É verdade que tantas vezes temos noção do poder da reunião, mas só nos revemos na e identificamos com a unidade singular, o conjunto de um único elemento, o isolamento.
Beijos e obrigada pelos teus textos tão relevantes.