Há pouca beleza como esta, seja ela como for. Diga ela o que disser e venha ela de onde vier. Parece-me que veio de dentro e por isso a refiro, aqui.
(...) Nada se interpõe nesta frivolidade, neste alegre mas triste ruído, e o avanço até à morte acontece imperturbável, firme no nada que representa, num ambiente festivo mas de sofrimento, semelhante à jubilosa cegueira de um bêbado. Nada se interpõe e poucas almas se iniciam. Este torpor elimina Deus, para os que crêem, e a morte, para todos os outros – e a festa continua, prossegue a indiferença, a ferida não existe, a dor não se eleva! E eu encontrei o rochedo e não sei agora o que ser, porque entre isto e o resto mantenho um enorme intervalo, não sei agora viver porque não posso apenas desfrutar, esquecer, seguir sem espanto (...).
in Cadernos de AF
Sem comentários:
Enviar um comentário