Às vezes e só às vezes gostava que o mundo fosse um bocadinho diferente.
Na generalidade ele está assumidamente mau, nem é preciso dizer porquê, simplesmente está.
Lá fora e à distância é fácil a resignação. Parece que há pouco ou nada a fazer.
Aqui, mais perto, gostava que às vezes o mundo fosse um bocadinho diferente, um bocadinho melhor, com melhores pessoas, mais justas, mais honestas, mais sérias, mais precisas, mais leais, mais cumpridoras, mais sensíveis, mais delicadas, mais conscientes, mais gentis, mais informadas, mais pessoas.
Que se desse menos peso aquilo que não é importante, não tem importância, não importa.
Às vezes gostava que o mundo fosse um bocadinho diferente.
Não sendo, há a resignação.
Já não quero saber, para mim acabou, estou farto de ser pisado, farto de ser o parvo, farto de ser posto para trás, desconsiderado, desacreditado, estou farto de viver ofendido, triste, ridicularizado, estou farto de lutar pelo combate eterno, farto de ser passado à frente, farto de acreditar em pessoas, de compreender as pessoas, de acreditar nas pessoas, de me desiludir com as pessoas, de não querer saber dessas pessoas, de me importar com o que as pessoas dizem e pensam e esperam e acreditam.
Chega. É o que se diz de todas as vezes. Dá vontade de rir a insistência constante. Depois a revolução, o bater de pé, o motim, a repulsa, o nariz levantado e de novo a desistência. Talvez não valha de facto o esforço.
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