8 de setembro de 2011

forever estágio

Os tempos estão difíceis, as empresas estão a passar por dificuldades, a crise toca a todos.
A conversa já enjooa e é muleta (gasta) para desculpar incompetência, conveniência e falta de coragem.
As empresas apoiam-se no "os tempos estão difíceis" e o desespero rende-se à ausência de ordenado, à promessa de um futuro promissor, integração numa equipa jovem e dinâmica (seja lá o que isto for) e até se acena a miragem dos quadros.
Os estágios são ou foram pensados para o estudante que, todo contente, em troca de ajudas de custo, tem o primeiro contacto com o universo profissional, aprende (ou não, porque não existem mentores) e depois, com mais ou alguma bagagem parte em busca de receber pelo seu talento, o primeiro ordenado.
A verdade é que hoje, as empresas têm o descaramento de oferecer (sim, dão com um sorriso na cara e como se fosse grande coisa e favor) estágios a profissionais que terminaram a universidade há quase uma década, passaram por dois ou três empregos e muitas vezes têm mais capacidades do que quem emprega.
Não me convencem os argumentos das empresas e preocupa-me o rumo que tudo isto está a tomar. Não se formam profissionais, não se enraizam empregados, não se motivam grupos, não se eleva a qualidade das nossas empresas. Tapam-se buracos e buraquinhos com pessoas e depois despejam-se porque afinal são só estagiários e "havia sempre a possibilidade de serem só 6 meses" e "não foste muito proactivo" e "não vestiste a camisola que nem sequer tem o teu nome".
Os estágios, tão fáceis de distribuir por aí, não trazem nada de bom, prejudicam a possível e real necessidade de recorrer ao subsídio de desemprego, amachucam o ego de profissionais ultra competentes, prejudicam percursos.
São hoje tão banais que é quase estranho quando realmente nos pagam pelo nosso trabalho. E não há princípio pior para um país que a ausência de moeda de troca.
É errado contribuir para uma empresa, seja em momento de crise ou de vacas gordas, em troca de nada.







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