6 de fevereiro de 2005

O Tempo que não passa...

Às vezes julgo que o tempo se engana e não sabe a idade que tem… Atraiçoa-se a si mesmo, esquece-se, finge ser novo, tenta ser velho.
Há dias que se atrasam no martírio das horas que afinal são apenas minutos. E o tempo é fingidor. Ri-se. Ao longe. E não nos deixa correr para o que de melhor ele tem.
Mas quando o tempo se demora avisa-nos em desassossego do que será com certeza deslumbrante, desejado, ansiado, apetecido; e quando corre, oferece-nos a exactidão nos ponteiros que viajaram por atalhos surpreendentes.
O desejo alonga-se e imobiliza-se nos segundos que não passam, não se fazem anunciar.
Não quero antever o tempo. Quero que passe por mim a correr, que me deixe saudade, que me deixe pensar para onde terá fugido…
E quero dizer: nem vi o tempo passar…

(para P.M.C. )

8 comentários:

Angel disse...

o tempo..
somos escravos do tempo..
o tempo foge por entre os dedos..
belo texto :*

A Minha Sombra disse...

Tempo... constante da vida!

Óptimo texto!

augustoM disse...

O tempo é uma coisa subjectiva, varia conforme a pessoa e o seu momento, para uns é lento para outros é rápido.
Um abraço. Augusto

A. Narciso disse...

Não conhecia o vosso espaço. Agradeço a visita que me permitiu cá vir parar. Em relação ao tempo, sem dúvida que é extremamente subjectivo. Não são raras as vezes ue os bons momentos passam a correr e os maus demoram uma eternidade a passar.
Abraço

mfc disse...

O tempo é uma miragem que nos devora.

JoaquimGilVaz disse...

"o tempo é nossa invenção; meu amor, o tempo somos nós"
jorge palma

Anónimo disse...

eu sei que, por vezes, nem vemos o tempo a passar (mas os outros reparam que o tempo passa por nós, ou como dizia Sartre, que nunca se sentiu velho, que o envelhecimento era uma realidade que os outros faziam questão em notar nele). :) O tempo parece escasso ou escorrer depressa demais quando estamos muito ocupados ou muito desocupados: a literatura faz-se destes extremos (por mim, não tenho tempo nem heranças que me permitem editar livros, mas desempenhei o meu papel dizendo poesia em colectividades, o que não faz de mim um ser excelente, mas quando me perguntam se sou solidário digo sempre que 'em tempos' acreditava). O tempo o tempo o tempo... agora pedem-me uma prestação numa parte dum livro de homenagem a Jean Remy (ai! Como sou importante! O certo é que nem sei se Remy morreu e tão pouco o referi alguma vez, mas eu sei que a vida é irónica e tudo dava uns contos estilo Agualusa ou ao género do espanhol autor de 'suicídios exemplares'). Por isso meu tempo vai, hoje, ser dedicado a satisfações alheias (ainda a tempo vem a consciência de ser trabalhador-intelectual: nada a dizer contra. É uma consciência serena. A consciência até costuma ser 'a posteriori': quando temos tempo para pensar nisso). (willnow de www.indolentia.blogs.sapo.pt). até!

JPN disse...

que boa reflexão. muito bem esgalhada. boa.