11 de julho de 2007

perdi o Al Berto de vista

procuro-te no meio dos papéis escritos
atirados para o fundo do armário de vidrinhos
comias uvas no meio da página

a seguir era como se fosse noite
havia olhares que se cruzavam corpos
deambulações pela praia
era noite e alguém se aproximava

eu estava sentado passeando os dedos
pelas nódoas frescas do vinho sobre a mesa o caderno
onde de quando em quando rabiscava um rosto
e listas de nomes que não queria esquecer

paguei o vinho o pão e o queijo
levantei-me
tu cortaste-me a fuga vagarosamente preparada
pediste-me um cigarro

na outra página estávamos rindo
estendidos no pobre embarcadouro de madeira
planeávamos atravessar a noite mágica do rio

a página seguinte está em branco
mas lembro-me que te agarrei as mãos e disse:
todos os cigarros do mundo são para ti


Al Berto


A casa Fernado Pessoa em colaboração com o Centro Cultural Emmerico Nunes em Sines, recordaram e homenagearam Al Berto, a pessoa e a obra numa mostra bibliográfica na Casa Fernando Pessoa.
Começou a 12 e acabou a 19 de Junho.




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