21 de agosto de 2007

antes de me ir embora

- Cheguei.
Estou com medo de me ir embora.
Se souberes deixar-te ficar, deixa-te ficar. Fica por aqui. Fica aqui, em mim.
Mas já é hora.
E o tempo que era o nosso passou.
Se puderes deixar a alma, deixa-a ficar aqui, guardo-a bem, não te preocupes. Leva o resto, as tuas coisas e as tuas graças, as tuas mãos, o teu dormir.
Deixa-me também um beijo e um abraço caso tenha saudades.
Fazes-me rir, outra vez.
Deixa-me também metade do teu riso e o teu meio sorriso quando só podes sorrir ou bater-me. A outra metade quero vê-la depois de ires.
Se regressares, quando regressares.
Um dia quero regressar. Sem tempo, sem hora de ir de volta, sem hora de voltar a levar as coisas e a deixar-te metade de mim. Um dia quero trazer a mala cheia e guardá-la bem ao longe onde só chego de escadote.
Então o nosso tempo não passou. Começou agora um tempo novo, cheio de horas só para nós. Um tempo que não quer ser contado ao minuto, que se deixa ir.
É esse tempo que quero.
E essa idade chega. O tempo já não precisa de tempo. Só nós.

1 comentário:

Anónimo disse...

O tempo não precisa de nós mas nós precisamos do tempo, ainda que o tempo não seja importante quando estamos juntos... no entanto, à semelhança de tantas outras coisas, passa a ser importante quando não o temos.
felizmente o nosso tempo é o mesmo.