24 de agosto de 2007

«Deus não existe»

Não sei o que dizer.
Certamente que os que não acreditam não se escandalizam, não se surpreendem, não se interessam e seguramente que muitos desses têm na ponta da língua um “eu não disse?”.
A verdade é que ao longo da minha existência não houve um dia ausente de dúvida.
Nunca me importei porque horas depois havia um certo sinal que passava por mim, muitas vezes sem me aperceber e retribuía a fé.
Vivo bem nesta inquietação e nesta ambiguidade, porque me fazem procurar uma perfeição e uma beleza na vida, enquanto aqui estou, fazem-me ser melhor, acreditar em mim, nos outros e no futuro.
Hoje questionei-me sobre a influência da fé dos outros em mim. Talvez tenha alguma. Talvez os momentos de dúvida passem a ser mais carregados, talvez a fé se demore e os sinais sejam mais fracos.
Talvez não.
Talvez me faça compreender e admirar mais o Homem e saber que a dúvida nos faz seguir, muitas vezes, o caminho certo.
Madre Teresa de Calcutá escreveu, descobriu-se agora, «Sinto um vazio e um silêncio tão grande que eu olho e não vejo, oiço e não escuto, a língua move-se e não falo» (...) «condenados ao inferno sofrem um castigo eterno porque perderam Deus. Na minha própria alma sinto uma dor enorme com esta perda, sinto que Deus não me quer, que Deus não é Deus e que, na realidade, não existe».
Sem cinismo digo, ainda bem que teve dúvidas. Escrevê-las abre apenas espaço para controvérsias, sérias ou não e espaço para condenações vagas e debate.
Eu, crio o meu próprio debate e duvido sempre, sem medo de me perder e sem medo que os outros, crentes a vida toda, se tenham perdido inúmeras vezes durante a vida.
Não lhes roubou felicidade e talvez lhes tenha enchido a alma.

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