7 de outubro de 2008

uma nova EMEL

Hoje saí lá para fora, a meio da tarde, para um dos vícios. A proteger-se da chuva estava um "senhor da Emel". Como eu bebia um café quentinho, perguntei se queria também um. Disse que não, educadamente. Conversa puxa conversa e o senhor, brasileiro, em Portugal há 5 anos, falava das injustiças da vida, comuns a todos.
Costumo pensar muito nas diversas profissões, acho que nunca tinha pensado nesta. A profissão dele, paga, disse-me, a tempo e horas todos os meses, é horrorosa.
Desabafou: toda a gente me odeia, chamam-me nomes, insultam-me, ameaçam-me e prometem levar-me a tribunal. Os piores são os médicos, os advogados e as pessoas com dinheiro.
Tentei suavizar a questão dizendo-lhe que o que interessa é o que nós somos, se trabalhamos honestamente, se cumprimos as nossas funções e se somos felizes ao final do dia.
Não me respondeu e prolongou o olhar vazio.
Nunca simpatizei com a EMEL, não nego, mas nunca se afastou de mim a realidade que a instituição não é a pessoa. Jamais insultaria uma pessoa que faz o seu trabalho, e sejamos honestos, nos multa, na maior parte das vezes porque não pagamos o serviço.
Depois falámos sobre carros, motores e outras coisas ligadas ao ramo automóvel sobre as quais naturalmente não me aprofundo. Por isso, ouvi-o, durante talvez 15 minutos, enquanto bebia o café, me abrigava da chuva e pensava nas pessoas.

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