Autocarro, trânsito e chuva são o ideal para se ter tempo matinal para reparar em coisas, estar mais atento, encontrar novidades.
Parados na Rotunda do Marquês, olhei para o já habitual distribuidor de jornais, uma nova velha profissão, que se posiciona à saída do metro.
Contei 20 pessoas que receberam o jornal, 10 não agradeceram, 9 nem sequer olharam para ele, 1 disse obrigado. E o "senhor dos jornais", sorriu.
Tenho reparado que em Portugal ou pelo menos em Lisboa, a mentalidade está neste estado:
se ele recebe pelo que faz porque é que hei-de agradecer? A mim ninguém me paga por dizer obrigado! Se o motorista é pago para me levar aos sítios porque hei-de de dizer bom dia? Se o “homem da portagem” recebe ordenado, e se calhar até mais do que eu, porque é que hei-de lhe dirigir a palavra?
De facto custa, agradecer está um balurdio, então com o aumento dos impostos, ufa!
No meio de tanta confusão, tanto caos, tantas dificuldades não é tão bom quando alguém ainda olha para nós com um olhar amigo, quando na rua nos pedem desculpa por nos terem dado um encontrão, quando voltamos a um restaurante porque foram mais do que atenciosos, foram simpáticos?
Não facilita a vida? Não apazigua os ânimos, as filas, o trânsito? Não ajuda minimamente?
Estamos assim tão mal que estamos a perder mais depressa do que devíamos, a nossa identidade e a nossa alegria?
Talvez. Que pena.
1 comentário:
Na mouche!
:)
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