13 de fevereiro de 2005

O que sinto

O que sinto é muito mais complicado.
Vou ensaiando palavras, e vou formando violentamente o corpo dos meus textos. É um simulacro de mim, em putrescência, que estupidamente se simplifica na sua forma mais servil, surgindo com uma fisionomia; compondo desacertadamente em unidade o meu espírito que deixo para lerem. E quando lhes tento atribuir uma sensação; um odor. O cheiro da carne em putrefacção, um afogo, e sei que é o meu; a minha, o perfume da literatura que ignora a vida e que a cria diferente. Não espero pela Beatitude, nem tão pouco a pretendo. O que eu não vivo sinto-o aqui, e isto, saboreio com minha sensibilidade, com a minha tristeza, no meu Individualismo que não lêem, na minha aflição.

4 comentários:

BlueShell disse...

Gostei do teu texto: fez-me lembrar Pessoa nos poemas "Autopsicografia" e " Isto".
O que escrevemos, não é o que sentimos e ....bom o que sentimos não é o que os outros pensam que sentimos. Quando nos lêem....há muitas variáveis...que geram outras quantas interpretações. Hoje...dei uma "volta" com mais atenção por alguns blogs de literatura...e Olha...Fiquei a sentir-me tão pequenina...nem imaginas. Eu...eu pensava que sabia fazer poemas...Porra! Vi textos tão bons, tão sentidos uns, tão bem trabalhados, outros...Que presunção a minha!!! O teu texto é bom. Gostei. Agora eu...acho que vou "fechar a porta". E NÃO! Não é uma estratégia para ires a correr dizer" Não, Não...os teus textos são muito bons"...nada disso...não pega! Sei o que valho...agora que um rasgo de lucidez me atravessou a mente!
Fica bem. E ó...continua a escrever. Aceita um beijo, BlueShell

Angel disse...

Sente e deixa sentir.

p disse...

Não sei o que sentes, mas imagino...

augustoM disse...

Quando escrevemos mesmo sem darmos por isso colocamos sempre o nosso cunho pessoal, outra forma seria completamente absurda. Nesse cunho pessoal ficam compreendidos os sentimentos e as emoções, pois são eles os padrões de tudo o que avaliamos.
Um abraço. Augusto