22 de março de 2005

em ti, eu

Tenta esquecer-te se te perdeste do que buscavas. Tenta afastar-te e perder-te de ti. Tenta ver, descobrir, tenta chegar, tenta ser, tenta viver.
Levantou-se e foi tentar. Chegou mais perto do que podia ser o seu futuro, ou com acaso, imagens do seu presente.
Viu sofrimento. Nas ruas, nas esquinas de sempre, nos estranhos, nos velhinhos, nos esquecidos, nos perdidos, nos fortes, nos instáveis, nos condutores da manhã, nos homens que lutam, nos que se deixam debater por eles, nos distraídos, nos ignorantes, nos sábios.
Esqueceu-se do que perdia e buscava, comodista, egoísta, inconsciente de si. Onde estava a sua amargura, tristeza, angústia?
Encontrou-a nos outros por ser maior do que a sua, sorrindo sem querer, porque afinal há mais lágrimas do que as suas, mais mentes dispersas, mais almas errantes.
E encontrou-se na dor e na pena dos diferentes que são iguais a si. Descobriu não ser sozinho, uno e singular. Perdeu-se e chorou pelos outros tomando consciência de que neles está a sua vida, a sua semelhança e paralelo, e que se inventa e vê nas pessoas que sem querer se riem do azar, da sorte, e do acaso.
Que sem saber, se riem de si.

3 comentários:

augustoM disse...

Muito mais fácil dizer do que fazer. Sujeitar o nosso egoísmo ao interesse do colectivo, é tão difícil como um camelo passar pelo buraco da agulha.
Um abraço. Augusto

BlueShell disse...

"levantou-se e foi tentar"...pelo menos isso...
Raios...: hoje estou com uma neura....CREDO!!!
Jinho, BShell

Anónimo disse...

Toda a verdade se torna falsa no momento em que nos contentamos com ela...