Pensei na solidão. Estar sozinho. Ser sozinho.
Nem é o vazio ou o silêncio. É ausência. A ausência no ser feliz que chora. Nem são os dias que passam, as poucas palavras, a noite; são os risos altos e as corridas hilariantes. É a solidão estranha de quem tem, de quem sorri, de quem não procura. Ou de quem espera.
Talvez a sinta quem a questione. Talvez não. As frases curtas que me acompanham numa estranha ansiedade de dizer “eu” a quem só me lê, raramente dão tempo de terminar o que cá dentro escrevo em textos longos, reticências e quase sem pontos finais.
Como posso questionar a solidão se escrevo sozinha, se o que mais amo me isola?
Como posso questionar a solidão?
7 comentários:
Dança da solidão
Solidão é lava que cobre tudo
Amargura em minha boca
Sorri seus dentes de chumbo
Solidão palavra cavada no coração
Resignado e mudo
No compasso da desilusão
Desilusão, desilusão
Danço eu dança você
Na dança da solidão
Caméllia ficou viúva, Joana se apaixonou
Maria tentou a morte, por causa do seu amor
Meu pai sempre me dizia, meu filho tome cuidado
Quando eu penso no futuro, não esqueço o meu passado
Quando vem a madrugada, meu pensamento vagueia
Corro os dedos na viola, contemplando a lua cheia
Apesar de tudo existe, uma fonte de água pura
Quem beber daquela água não terá mais amargura.
Composição de Paulinho da Viola
devemos aprender a questionar a solidão...
Quando se está em estado solitário, parece que o mundo à volta não existe, parece que só se se tem a si próprio e é aí que a "Solidão é lava que cobre tudo". Quando se abre a janela do eu para o mundo e a ele se sorri, o mundo responde. Então o mundo à volta torna a existir para o solitário e o solitário torna a existir para o mundo. A partir daí a solidão só pesa a quem a quiser como dor.
Este é um belo blog. Todas as vezes que aqui volto me surpreendem o desenho e as palavras
Abraços,
Silvia Chueire
Muito obrigado pelo lugar de destaque para o nosso Prazeres...
Grande abraço
Nunca pergunto à solidão, mas ao silêncio, que me responde sempre sussurrando palavras silentes e, por vezes, tonitruante, gritando, estremecendo-me o crânio, a nuca, as têmperas, parindo a melopeia dos sentidos. Pergunto ao tempo também, apesar de saber que ele me não responde senão quando bem entende, e só tardiamente o compreendo, naquilo que antes de ser dito a alma sente.
Um abraço fraterno para vós
*Têmporas! Que erro disparatado...
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