24 de junho de 2008

desculpa-me tempo

sei que ali estive
era longe o tempo
era longe a alma
deitei-me.
a culpa foi de alguém
quem disse a primeira palavra
quem baixou pela primeira vez
os ombros
quem desistiu
quem desistiu de quem...
quem é que te deixou ir
assim sem mais nem menos
e nem se lembrou
da saudade
e da falta.
aqui só há umas flores
é o único bocado de vida
e nem essas se exibem
deixam-se ficar
aqui há sons constantes
que vão cá dentro
até ao sono
e depois não há mais nada.
não podias estar aqui
também tu, mais tempo
não podias acompanhar
esta noite de sempre
e do dia inteiro
não podias estar agora
dentro de mim
prefiro-te longe
amo-te mais assim
e deixo-te viver
nos restos do meu passado
e nos outros.

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