12 de julho de 2010

a minha avó

Um nó preso que cedo se desmancha
Um sorriso rasgado que surge do nada
Da graça
Da segurança
Da gargalhada
E há um tempo que passa
…tão depressa
A voar
E não há outro lado
Onde se queira estar
Nenhum canto do mundo
Ensina tanto e é tão belo
Nenhuma viagem.

Decora-se a imagem.
Decoram-se as palavras
Os gestos e as histórias
Que obrigam a partilhar
Com a precisão
Que nunca será precisa
Como na viagem
Que se contou e descreveu
Mas não foi por nós vivida
E não há outro lugar
Onde se queira estar
Nenhum canto do mundo
Ensina tanto e é tão belo
Nenhuma viagem.

Nenhum caminho é tão seguro
Nem uma canção é tão perfeita
Ou um arco-íris depois da chuva
E nem o mar se equipara
Pois há belezas tão puras
e riquezas tão raras…

Aqueles sítios onde apetece demorar
Sem razão nem perguntar

E outra vez o tempo passa
Outra vez se aproveita a graça
E tudo mais que tem para dar

Percorre-se de novo a viagem
  
…e no adeus se forma outra vez o nó
Quando tenho de ir
E dizer
até amanhã, querida avó.


Agosto de 2006

Sem comentários: