23 de dezembro de 2004

Sem nada a dizer...

“Não tenho mais nada a dizer…”
E virou costas.
Perdeu-se no escuro do dia e no escuro destes momentos indistintos, e foi. Sem mais nada a dizer.
Deixou a sua vida, a minha vida, e o momento, a recordação, o pior dos passados, as torturas das memórias de tempos felizes.
Sem nada a dizer, caminhou pelo seu caminho, pelo seu momento, procurando mais coisas para dizer, a outros, mais vida, mais lembranças, mais recordações.
E no meu caminho o vazio de não saber o que viver, como viver. A angústia da solidão fictícia, o terror do despovoado de sentimentos, o seu exagero.
E sem mais nada a dizer, as mil palavras que se repetem, que se fazem ouvir, num grito, num suplico; o cansaço de as sentir, num dia, mil vezes.
Sem nada para dizer o silêncio não se calou. Coexiste, coabita, convive, e visita-me. Todos os dias, bem alto…

8 comentários:

BlueShell disse...

Continuação de um Natal muito Feliz, BS

mfc disse...

Da necessidade de nos encontrarmos para podermos procurar.

Luisa Paula disse...

"Sentir,num dia, mil vezes..."
Um sentir que pesa numa pessoa só!
É como carregar a vida dentro de nós para nela descobrir que estamos vivos

Um beijo

BlueShell disse...

E o silêncio pode magoar tanto! Pode dizer tantas coisas...ferir até ao âmago! Porque o silêncio faz-se acompanhar da solidão...Oh, quanta dor...quanto donho...quanta desilusão...Triste estar só a ouvir o silêncio! jinho, BShell

Anjo élico disse...

Há silêncios assim, difíceis de ouvir porque jamais se calam. Obrigado pela visita que retribuo. Aproveito para desejar um 2005 carregado de todos os silêncios de que gosta.

mfc disse...

Olha, um grande (enorme) 2005.

PreDatado disse...

Planeta, um abraço e feliz ano novo!

Anónimo disse...

Apetecia-me dizer-te: ...até um dia!, que quando chegar vai ocupar esse espaço vazio k te grita ao ouvido, e enche-lo de tanto, que não haverá mais lugar para o silêncio!
...Lamento n serem estas as palavras que te escrevo, mas aquilo que tomo como verdade - sendo ou não (espero que não) - e feliz ou infelizmente, é que há "casas" que uma vez habitadas jamais largam o xeiro da pessoa que lá dormiu! ...fica entranhado, inundando certos espaços, com silêncios espessos, deliciosos e dolorosos!

...Sabes, no fundo axu que somos nós que fechamos bem as janelas dessa "casa" pa ter a certeza que o xeiro nunca a largará!... não é mais que uma Caixa de Pandora com a historia do avesso! Arrejemos coragem para a abrir...?!

Beijo grande, nina!
Filipa